Em um momento de crescente conscientização sobre a importância da gestão responsável e eficiente dos recursos públicos, o governo Claudomiro, que governa uma cidade marcada por dificuldades estruturais crônicas, encontra-se no centro de um debate acalorado. A decisão de destinar R$ 37.132.239,00 para a contratação de serviços de infraestrutura para eventos – incluindo aluguel de palco, som, iluminação, arquibancadas, painel de LED, estruturas metálicas, camarotes, camarins, tendas, grupo gerador, banheiros químicos, shows pirotécnicos e serviços de alimentação – acendeu o estopim de uma discussão sobre as prioridades de um governo em sintonia com as necessidades reais de sua população.
Em um cenário onde a falta de infraestrutura básica e a carência de serviços essenciais são uma realidade diária para os moradores de Altamira, a alocação de um montante milionário para eventos parece não apenas desproporcional, mas profundamente desconectada das urgências vividas pelo povo. A cidade, atormentada por problemas de abastecimento de água e deficiências em transporte, educação e saúde por exemplo, vê-se agora diante de um paradoxo: a celebração através de grandes eventos em um contexto de necessidades básicas não atendidas.
Com R$ 37 milhões, as possibilidades de avanço social e infraestrutural em Altamira são vastas. Poderia-se, por exemplo, assegurar um vale alimentação de R$ 200 para todos os servidores públicos municipais por mais de dois anos, uma medida que beneficiaria diretamente a economia local e o bem-estar dos trabalhadores que sustentam o funcionamento da cidade. Da mesma forma, a aquisição de 46 ônibus modernos para o transporte coletivo urbano não apenas melhoraria significativamente a mobilidade urbana, mas também contribuiria para uma qualidade de vida mais digna para todos os cidadãos.
A educação, pilar de suma importância para o desenvolvimento de qualquer sociedade, também seria grandemente beneficiada com a construção de pelo menos quatro novas escolas em tempo integral, garantindo que as crianças de Altamira tenham a oportunidade de uma educação de qualidade, segurança e um futuro mais promissor. Na saúde, esse valor possibilitaria quadruplicar o atendimento médico na rede municipal, o que significaria a diferença entre a vida e a morte, com um aumento substancial no número de consultas e especialidades disponíveis para a população.
A necessidade de um governo sensível às reais demandas de sua população nunca foi tão evidente. A decisão de investir uma quantia tão significativa em eventos, enquanto as vozes da população em situação vulnerável clama por atenção básica, reflete uma trágica desconexão com a realidade vivida pela maioria dos habitantes de Altamira. A periferia, tanto geográfica quanto orçamentária, parece ser o lugar relegado ao povo nesse cenário de gestão.
Investir em cultura e em eventos é, sem dúvida, necessário e de suma importância para o enriquecimento social e cultural de qualquer cidade. No entanto, é crucial que tais investimentos não sejam feitos às custas das necessidades básicas da população. A criação de editais de cultura que permitam aos artistas locais e fazedores de cultural acessar fundos para projetos poderia ser uma alternativa mais equitativa e eficaz de promover a cultura local, ao mesmo tempo em que atende às demandas mais urgentes da população.
Altamira, com seu orçamento volumoso, enfrenta o desafio de equilibrar as celebrações culturais com a responsabilidade social de melhorar a vida de seus cidadãos. Afinal, se a economia e o orçamento público não estiverem a serviço das pessoas, nenhum plano ou projeto será capaz de aumentar verdadeiramente a qualidade de vida na cidade. O lugar do povo é, e sempre deveria ser, no centro do orçamento de um governo responsável e comprometido com o bem-estar de todos.